quarta-feira, agosto 09, 2006
Estranheza
Haveria de ter um sentido para tudo aquilo.
Não teria sido em vão todas a tentativas
E as derrubadas.
Os tapas
E os sorrisos.
Teve.
Teve?
O sentido se fez quando não se pensou nele
E aí,
Como num passo de uma dançarina,
Ele apareceu.
E foi assim durante um tempo.
Durante o tempo em que se fez questão de não pensar o agir
Muito menos de pensar o pensar
Mas como tudo
- Em dose demasida? -
Cansa,
Aquela vida também cansou.
A balailaria fez o primeiro ato.
Foi e ainda se encontra no intervalo.
E nesse meio é que as coisas se configuram de forma diferente:
O expectador pára de ver o espetáculo,
Sai à cafetaria,
Senta
E toma um café
- ou come uma jujuba-
O que era um teatro,
Volta a ser a vida dele.
O que passa na cabeça dele
É o que passa na cabeça dos desvalidos
Daqueles que ficam na esquina
Daqueles que levantam tarde
Daqueles que saem com a mesma roupa todos os dias.
Dos que fumam maconha todo dia.
Dos que bebem todo dia.
O que passa na cabeça dele
É o que passa na cabeça dos que pensam demais
Esperam demais
E fazem demais da e na vida.
O que passa na cabeça dele
Ninguém vê ou escuta.
E ele acaba de tomar o café
- ou acaba com o pacote de jujuba -
Sobe as escadas
Senta na cadeira
Vê as cortinas se abrirem
E volta a ver o espetáculo.
A bailarina dança,
A música a acompanha
E ele admira.
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