terça-feira, setembro 19, 2006

Só tenho tempo pra ser feliz

Sem maiores delongas
Eu só tenho tempo pra ser feliz.

É bem verdade que isso é muito relativo
E requer renuncia de muitas coisas
- até mesmo as que me fazem feliz.

A verdade é que só tenho tempo para investir num futuro feliz
Isso quer dizer...
Finais de semana tranformaram-se em dias (quase) inteiros para leitura e escrita,
Reflexão e pensamento pragmático.
Que as noites de sábados são excelentes para baladas intelectuais
E as manhãs de domingos,
ótimas para o pensar sobre o que produzir.

Acontece que temos que escolher caminhos a seguir
De fato, eu seria (ou melhor, estaria) feliz indo a butecos, com amigos
Ou indo a uma roda de samba ou chorinho
Mas é preciso investir num futuro feliz
E talvez com esse presente, o futuro possa não ser tão feliz.

Eu digo...
Nem sei o que digo!

Será que esotu me tornando academicista?
Será que estou tornando minha sede de conhecimento em rigorosidade, aquela coisa que sempre abominei e critiquei radicalmente, muito embora compactuasse, de vez em quando?
Será que estou sendo radicalmente radical comigo mesmo?
Será que estou me tornando "refencias de autoridade"? Ou, pior, tentanto me tornar e, inocentemente (ou não) me tornando uma pessoa que vazia, por pensar que referencias são completas? E eu que tantas vezes critiquei isso, tantas vezes tive nojo (palavra essa que cai agora como uma luva) estou me deliciando com o nojento?
O que estou eu a fazer?

Estaria eu desviando todo meu lado sentimental para o racional, numa busca (vazia) de tentar desfazer o sofrimento, o sentimento de menos valia, a culpa pela mediocridade?

Cara,
quem sou eu?
Em que estou tornando esse eu?
O que estou fazendo com esse eu?

terça-feira, setembro 12, 2006


"em alguma outra vida, devemos ter feito algo de muito grave, para sentirmos tanta saudade..."
Eu fiz uma escolha.
Estou arcando com as consequências.
Eu só não sabia que ia ser tão doloroso
e tão solitário.
Nunca achei que fosse ser fácil
- isso nunca -
Mas nunca achei que fosse ser tão dificil assim.
Imaginava que me sentiria solitária
Que pudesse, de quando em vez, ficar meio jururu
Mas não que me sentiria caindo do abismo,
Sem ninguém me jogando uma corda, ou mesmo um lencinho, o que fosse.
Nao que me sentiria tão mal,
tão culpada,
tão perversa,
tão descartável
e tão esquecível.
Nem que precisaria tanto dos amigos
- e como estou precisando! -
Dos incentivos
Da presença
Do afeto.
Como também não imaginei como seria difícil dizer que preciso disso,
que preciso de ajuda
Não pensei que fosse ser tão intenso esse fim.
Como não pensei que fosse achar que era um fim de tudo.

sexta-feira, setembro 08, 2006

"...houve apenas um clarão amarela perto da sua perna.Permaneceu, por um instante, imóvel.Não gritou.Tombou devagarinho como tomba uma árvore.Nem fez sequer barulho, por causa da areia."
Uma parte do Pequeno Príncipe.
Uma parte marcante.
Uma parte que me lembro sempre que vejo pela janela o sol
E aqui dentro
A chuva.

segunda-feira, setembro 04, 2006

As vezes eu me sinto a pessoa mais estúpida do mundo
Ou a mais babaca

As vezes sinto que a vida me faz tomar rumos que eu não gostaria
Rumos contra mim mesmo

As vezes sinto que a vida me faz fazer e aceitar coisas
Que eu não queria
E nem deveria

As vezes a vida me faz ser quem não sou
Poe aços em mim
Que não correspondem ao meu ser

As vezes as pessoas agem tortamente comigo
E me sinto uma cega por opção
Porque mesmo não querendo ouvir as palavras dessas pessoas,
Mesmo não querendo aceitar o jeito que elas me tratam
Eu permito que façam o que querem comigo

Me sinto confusa
E perdida.

A confusão me faz pensar sobre o que quero
O que quero ser
O que quero construir
O que quero acreditar

Seria preciso
Dizer um basta,
Pôr um limite.

Mas eu não consigo.

E faço um metapoema que volta a primeira estrofe.

Me sinto enganada
Manipulada
E usada

Mas o engano só ocorre quando não sabemos dele
E eu sei.
A manipulação e o uso de nós mesmos só existe quando permitimos
E eu permito.

É que eu não consigo ser diferente
Não consigo agir de forma contrária.

Não consigo ser eu mesma

Mas quem sou eu?

sábado, setembro 02, 2006

Apoética

Eu não sei dizer
O que vou dizer

Mas preciso dizer

O mundo está caindo
Minha vida desabando

Estou revendo um filme preto
Com tons de cinzas

Estou desabando

E será que ninguém nota isso?
Será que ninguém vê isso?

Definitivamente,
preciso de ajuda

O bom de escrever aqui é poder ser verdadeira comigo mesma

É poder revelar o que não revelo a ninguem

Eunão estou aguentando mais

Será que a morte é algo que liberta?
Será que a morte cura essa angustia
essa solidão
esse desespero?

Será que a morte é o fim de todo esse sofrimento?

Castelos podem cair
Mas eu não

Pessoas conseguem sorrir
Mas eu nao

Me diz o que há comigo
Me diz que não sou essa coisa intragável que vejo no espelho

Me diz alguma coisa
Qualquer coisa

Acneda uma luz no meio do tunel
Me dê uma carona

Ou não
Ou nao faça nada

Isso talvez já baste

Eu vou dormir

Mas sei que vou acordar

E o que fazer?
A vida segue

Mas eu queria parar a minha