quarta-feira, maio 31, 2006

Começo a escrever.
Folha em branca.

Racunho algumas coisas
Muitas palavras
Que pouco dizem.

Repito-as como se tivesse a decorar um ditado
Que a professora, do primário, passou.
Inútil tentativa essa do decorar.

Não.
Palavras não precisam disso.
Elas já são parte de mim
Se não o todo.

As palavras são e sempre serão as mesmas.
A diferença está no sentido.
E o grande sentido está na intensidade.

O grande sentido está na vida
Porque a vida é intensidade.

segunda-feira, maio 29, 2006

O que você tem?

Eu saio de casa como se saísse do meu lugar.
Eu saio para trabalhar e ando como se passeasse pelos jardins.
O dia está a meu favor? Eu estou feliz?
Não, eu me perco meio a muitos tantos pensamentos
Meu passeio é dentro de mim mesma

Passo por minhas saudades e minhas desilusões
Para conseguir chegar aonde quero.
Mas aonde quero chegar?

Meu caminho é meio
Nunca teve começo
E eu não sei o fim

Muitos me dizem que saber o fim é impossível
E digo que quero sonhar o fim
Porque o sonho já é por si só um caminho para um fim
Dentre outros fins.

E eu chego ao meu trabalho como quem se perdeu no caminho.
Como quem se perdeu em cada pessoa que deixou de fazer parte do meu caminho
Como quem se perdeu tentando desfazer as desilusões.

E eu começo a trabalhar como se nada tivesse acontecido
E trabalho como se soubesse que nada vai acontecer.
E eu trabalho esperando o fim do dia de trabalho.
Porque, dentre todos os fins,
O fim do dia de trabalho é certo que ocorerá
E eu poderei voltar para casa
E tentar acertar o caminho.

domingo, maio 28, 2006

Tem dia que a gente acorda virada!

É, são aqueles dias em que nós acordamos - sabe-se lá por quê - com um mau-humor tenro. E que desse mau-humor vem uma dor-de-cabeça e da dor-de-cabeça vêm pensamentos (dos mais variados).
E aí a gente resolve levantar. O sol já vai alto e tudo que a gente mais queria era que ele esquecesse de amanhacer!...
Ah, mas tá aí: um novo dia a nossa frente.
A gente se vira, desvira na cama e o sol insiste com o novo dia.
Ah, quem me dera ter o poder de impedir o sol nascer
E poder fazer desse meu dia, uma noite bem dormida!

sexta-feira, maio 26, 2006

Resumindo tudo em uma garrafa e um leite...

João e Maria Sivuca - Chico Buarque/1977
Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você
Além das outras três
Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava um rock
Para as matinês

Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigada a ser feliz
E você era a princesa
Que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país

Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu piãoO seu bicho preferido

Sim, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade
Acho que a gente nem tinha nascido

Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo
Sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim

Então a gente tinha um trato: seríamos um só, para o resto da vida.
E os dias sempre nos acordavam como se acordassem um bebê que dormia.
E aquela rotina nos envolvia, nos dava vida.
Em um desses dias você foi pegar a garrafa de leite. E deixou cair.
Nosso trato estava lá.
Se era a garrafa, ou se era o leite, nao sei.
Sei que nosso trato era aquilo, que caiu e espalhou-se (seja em cacos, seja em poças...)
E lembro-me de te perguntar o que faríamos.
Você disse que iria comprar outra garrafa.
Eu dizia que queria o leite.
Você insistia que eu teria uma garrafa nova.
E foi aí, nesse momento, que deixamos de ser um só. Viramos dois.
Talvez seja tenhamos sido dois e nao sabíamos.
Fato era que a vida funcionava daquele jeito.
E foi naquele leite jorrado, que você insistia que era a garafa quebrada,
Que nos separamos.
Você foi comprar o jarro
E eu o leite.

quinta-feira, maio 25, 2006

Step?

E para que criar um blog novo, com um novo título?
Por existirem novas propostas.
O filosofarpranaumpirar continuará existindo. Ou não.
Mas na verdade, o que me levou a criar esse novo blog foi estar cansada do antigo. Na verdade, o filosofar está empregnado de coisas extremamente pessoais e que exprimem idéias conflitantes dentro de mim.
É, talvez, por estar em uma nova fase da minha vida, que decido fazer o Racunhações.
E se o caro leitor vier me perguntar: mas, afinal, o que vc vai escrever aqui?
Responderei que não sei.
Como diria um professor meu de filosofia: como posso dizer o que vou fazer antes de ter feito?