sexta-feira, maio 26, 2006

Resumindo tudo em uma garrafa e um leite...

João e Maria Sivuca - Chico Buarque/1977
Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy
Era você
Além das outras três
Eu enfrentava os batalhões
Os alemães e seus canhões
Guardava o meu bodoque
E ensaiava um rock
Para as matinês

Agora eu era o rei
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei
A gente era obrigada a ser feliz
E você era a princesa
Que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país

Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu piãoO seu bicho preferido

Sim, me dê a mão
A gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade
Acho que a gente nem tinha nascido

Agora era fatal
Que o faz-de-conta terminasse assim
Pra lá deste quintal
Era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo
Sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim

Então a gente tinha um trato: seríamos um só, para o resto da vida.
E os dias sempre nos acordavam como se acordassem um bebê que dormia.
E aquela rotina nos envolvia, nos dava vida.
Em um desses dias você foi pegar a garrafa de leite. E deixou cair.
Nosso trato estava lá.
Se era a garrafa, ou se era o leite, nao sei.
Sei que nosso trato era aquilo, que caiu e espalhou-se (seja em cacos, seja em poças...)
E lembro-me de te perguntar o que faríamos.
Você disse que iria comprar outra garrafa.
Eu dizia que queria o leite.
Você insistia que eu teria uma garrafa nova.
E foi aí, nesse momento, que deixamos de ser um só. Viramos dois.
Talvez seja tenhamos sido dois e nao sabíamos.
Fato era que a vida funcionava daquele jeito.
E foi naquele leite jorrado, que você insistia que era a garafa quebrada,
Que nos separamos.
Você foi comprar o jarro
E eu o leite.

3 comentários:

Anônimo disse...

Fab's, gostei muito do teu blog.
parabéns.
passo com mais calma amanhã.
beijos,
vampira olímpia {Arkam Vampyre}

Anônimo disse...

Acho que as diferenças são fundamentais... Afinal, pra começo de conversa, nunca conseguiríamos pôr uma garrafa dentro de outra... Tá, mesmo que conseguíssemos, o que não é lá t~´ao difícil... de que adiantaria?? uma não comletaria a outra como a embalagem e o conteúdo se completam...
O que quero dizer é que esse é o ideal. Se todos fôssemos iguais, morreríamos de tédio! Diferenças são necessárias.. mas uma tem que compensar a outra sempre...

Anônimo disse...

Oi.
Somos sós. Um é garrafa outro é leite ou um é jarro e outro é flor ou terra ou pedra.
Somos diferentes,mas podemos estar juntos sempre que o amor possa se derramar entre nós..