domingo, março 04, 2007

Trocando 60 por 2 de 30

"Uma vez um perguntou para o outro como se escreve 60, para escrever num cheque.
O outro falou que não sabia, mas teve uma saída genial
'faz dois de 30!'"

A gente não aprende. Nunca.
Nós mulheres somos todas iguais, bobinhas, que a qualquer ínfima demonstração de afeto, ficamos envolvidas.
Venho há algum tempo tentando esquecer uma dessas minhas paixões.
Mas tudo parece me lembrar ele.
O cinema que fomos na última vez que saimos, o papo que tivemos nessa saída.
As pessoas têm a mesma armação dos óculos dele, todos comentam do Sonho de Beethoven.
A cada esquina eu passo, meu coração parece bater um pouco mais forte: e se for ele que está virando a mesma esquina e, derrepente, nos tropeçamos?
Mas já está tudo decidido desde que acabamos. O tempo não volta e cabe a mim entender que não sou quem ele deseja.
Bom, outro homens com certeza aparecerão e eu viverei outros momentos intensos, outras decepções, e depois vêm mais surpresas, depois decepções. E essa é a vida.
Resolvi olhar ao meu redor.
Mais uma vez estou aberta a cair em qualquer charlotagem masculina.
A verdade é que nós, mulheres, estamos sempre trocando 60 por dois de 30.
Eu falei para mim mesma "esse não. Nunca"
Mas foi só eu chegar em casa, relembrar umas poucas palavras de um certo homem, ve-lo online e puxar um papo.
Pronto. Ele falou que queria me ver no domingo, ir a praia a noite e passear pelo calçadão - um programa a dois.
Eu falei que o dia andava muito lindo e que poderíamos aproveitar. E ele disse "quanto mais tempo com você melhor". Pronto. Era tudo que eu precisva naquele momento. Tudo que eu queria era alguém me dizer que sou especial. Bom, não foi exatamente com essas palavras, mas estupidamente me senti querida e adorei saber que alguém, pelo menos alguém, finalmente encontrei alguém, tem prazer em estar na minha companhia por tanto tempo!
Pensei em tomar café da manhã no Parque Lage, passar o dia na Lagoa...
Combinamos que ele me ligaria quando acordasse.
Dormi como um anjo. Há dias não durmo assim.
Acordei... esperei... esperei... comi... tomei café... fiz um tanto de coisa em casa... cheguei até a arrumar o quarto da minha mãe!
E, nada.
Derrepente o telefone toca. Um numero desconhecido? Era ele, fatalmente!
Era?
Nada.
Uma amiga de faculdade da minha mãe que descobriu o meu telefone como meio de chegar à minha mãe.
Eu diria, já são meio-dia e meia. Mas já é meio-dia e meia.
É que o "são" mostraria minha ansiedade, e é nessa hora que digo que burlar a gramática é genial!
Talvez eu possa pensar "ainda é meio-dia e meia", porque as pessoas normais acordam depois das 11 aos domingos.
Mas, quem sabe?!
Se já é, se já são, ou se ainda são, que na verdade pode ser que ainda é, tanto faz.
O coração bate acelerado de qualquer maneira, em um desejo quase que incontrolável de passar um dia a dois, caminhando de mão dada, dando beijo, fazendo cafuné, olhando durante horas aquele outro sem falar nada, sem emitir um som sequer. Um desjeo enorme de sair por um dia ensolarado, caminha em silência, sentar, olhar nos olhes dele, sentir as curvarturas da faze, passar a mão naquele barba mal feita, pegar o quixo como quem diz "agora éu tenho dois, porque o seu também é meu", passar a mão no rosto e dar um sorriso tenue, leve, que vale mais do que qualquer outra palavra - qualquer.
E eu sei que amanhã tudo voltará ao mesmo. Relógio despertará, eu irei a academia, voltarei, tomarei banho, comerei, irei ao estágio.
Mas hoje. Só hoje. Só por hoje antes do escurecer eu queria, como eu queria, viver esse instante gostoso.
Só hoje. Só por hoje, porque eu sei que ele não vai me ligar amanhã, talvez nem depois de amanhã, quiçá daqui há um mês.
Mas hoje. Só por hoje, eu queria me sentir inteira, amada, especial.
Só por hoje.
Daqui a pouco o sol se poe e tudo fica na lembrança.
Mas só por hoje eu queria tapar esse meu buraco.

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