Ontem estava andando para o ponto de ônibus, fumando meu cigarrinho, tranquila e eis que me deparo com o seguinte: "Depressão e solidão no sinal do ano. Entenda por que todo mundo sofre desse mal" - ou coisa do tipo.
Pensei "que bobagem!"
E fui caminhando, ainda, para o ponto.
E começei a fazer uma retrospectiva da minha vida esse ano e, derrepente, me toco de que talvez a revista esteja falando de uma coisa certa.
Fim do ano é hora de "fechar para balanço" e aí, meu amigo, se seu caixa está no negativo...
Eu hoje acordei de mal humor, chateada, triste, deprê, saudosa.
Seriam os sentimentos do final de ano?
Bem capaz.
Não aguento mais a faculdade, nem o estágio. Tô quase mandando meio mundo a merda e me trancando no meu quarto por, pelo menos, uma semana.
Mas, veja: essa semana acaba a faculdade e tô cheiiiia de trabalhos para fazer; no estágio não devo nem ter férias; se eu mandar meio mundo a merda, é capaz que ele nao volte e aí me arrependo.
terça-feira, novembro 28, 2006
quinta-feira, novembro 02, 2006
Certas coisas
- Lulu Santos -
Não existiria som
Se não houvesse o silêncio
Não haveria luz
Se não fosse a escuridão
A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...
Cada voz que canta o amor não diz
Tudo o que quer dizer,
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração.
Silenciosamente eu te falo com paixão...
Eu te amo calado,Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz.
Mas somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som,
Tem certas coisas que eu não sei dizer...
A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...
Eu te amo calado,
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz,
Mas somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som,
Tem certas coisas que eu não sei dizer...
E digo.
E quantas vezes perdemos a oportunidade de dizer eu te amo,
Eu te admiro
Eu te quero bem?
E quantas vezes
Nosso senso de ridículo nos reprime tanto
Que engulimos sentimetos,
Nos fechamos
E, de tanta explosão dentro de nós,
Resolvemos nos despedir
E ir para casa.
Nos trancamos no quarto,
Ligamos o som em um volume baixo,
Pegamos o livro de nosso poeta predileto,
Deitamos na cama e nos entregamos a nós mesmos.
Nos martirzamos, mas nos cuidamos.
Nos martirzamos porque, se seria ridulo dizer "eu te amo",
mais ainda seria - e foi - não dizer.
Nos cuidamos porque nos entendemos,
Porque estamos diante a nossa fragilidade
E precisamos respeitá-la.
Respeitar nossa fragilidade é nos respeitar.
É dar tempo a nós mesmos.
Acontece que queros que as coisas aconteçam muito rapido
Porque o mundo é muito rápido.
Mas o mundo interno
Ah, o mundo interno, meu caro amigo,
Não começe a rapidez
E disso os que deitam no divã 2 vezes na semana sabem muito bem.
- Lulu Santos -
Não existiria som
Se não houvesse o silêncio
Não haveria luz
Se não fosse a escuridão
A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...
Cada voz que canta o amor não diz
Tudo o que quer dizer,
Tudo o que cala fala
Mais alto ao coração.
Silenciosamente eu te falo com paixão...
Eu te amo calado,Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz.
Mas somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som,
Tem certas coisas que eu não sei dizer...
A vida é mesmo assim,
Dia e noite, não e sim...
Eu te amo calado,
Como quem ouve uma sinfonia
De silêncios e de luz,
Mas somos medo e desejo,
Somos feitos de silêncio e som,
Tem certas coisas que eu não sei dizer...
E digo.
E quantas vezes perdemos a oportunidade de dizer eu te amo,
Eu te admiro
Eu te quero bem?
E quantas vezes
Nosso senso de ridículo nos reprime tanto
Que engulimos sentimetos,
Nos fechamos
E, de tanta explosão dentro de nós,
Resolvemos nos despedir
E ir para casa.
Nos trancamos no quarto,
Ligamos o som em um volume baixo,
Pegamos o livro de nosso poeta predileto,
Deitamos na cama e nos entregamos a nós mesmos.
Nos martirzamos, mas nos cuidamos.
Nos martirzamos porque, se seria ridulo dizer "eu te amo",
mais ainda seria - e foi - não dizer.
Nos cuidamos porque nos entendemos,
Porque estamos diante a nossa fragilidade
E precisamos respeitá-la.
Respeitar nossa fragilidade é nos respeitar.
É dar tempo a nós mesmos.
Acontece que queros que as coisas aconteçam muito rapido
Porque o mundo é muito rápido.
Mas o mundo interno
Ah, o mundo interno, meu caro amigo,
Não começe a rapidez
E disso os que deitam no divã 2 vezes na semana sabem muito bem.
quarta-feira, novembro 01, 2006
POEMA DE FINADOS
Amanha é dia dos mortos
Vai ao cemitério.
Vai
E procura entre as sepulturas
A sepultura de meu pai.
Leva três rosas bem bonitas.
Ajoelha e reza uma oração.
Não pelo pai, mas pelo filho:
O filho tem mais precisão.
O que resta de mim na vida
É a amargura do que sofri.
Pois nada quero, nada espero,
E em verdade estou morto ali.
terça-feira, outubro 31, 2006
De alguma margem de algum rio que apelidou-se de Pedagogia

Há muito tempo tenho a vontade de escrever sobre esse tema.
De frente ao meu computador, nessa pequena tela, me proponho a fazer isso.
Mas nada é certo de que se faça aqui algum rascunho sobre esse tema.
Eu apenas tenho o propósito. E nós, gente grande, sabemos que propósitos são apenas inicios, nunca meios, muito menos fim - bom seria se fosse.
Do escolher ser alguma coisa quando crescer
A criança nasce e não escolhe crescer. Acontece.
Freud diz que isso se faz por meio de um luto.
Sim.
Crescimento exige alguns lutos.
Luto da infância é o principal.
Saindo vivo dele - alguns socumbem, eu sobrevivi, entre trancos e barrancos - já está feita uma escolha, a do viver - que anda com com o crescer, penso.
Por volta dos 16, o ser, sobrevivente, tem que escolher o que vai ser quando crescer.
Quando ele pode escolher tá é bom, por que fato é que a vida, em alguns casos, se impoe sobre essa ser deplorável chamado adolescente.
A mãe quer que seja advogado. O avó, médico. O pai, quando esse existe e é realmente presente, quer que ele seja engenheiro.
Pronto.
Está dado o futuro dessa criatura que não sabe nem quem é, mas tem que saber o que vai ser.
Que contadição essa, não?
Bom, bom, enfim, a sociedade vê isso como percuso natural das coisas e assim ficou determinado.
Há os jovens que, não por serem fracos, mas por não terem idéia do que são, acatam uma das 3 decisões. Há aqueles que decidem tomar seus próprios caminhos, que as vezes coincidem com os 3 postulados, as vezes não.
Da minha escolha
Eu sou uma dessas sobreviventes que escolhem o próprio caminho.
Desde meus 14, eu lia bastante sobre o campo da educação, na pragmático, mas já mostrava meu tesão pela área.
Aos 17, não havia duvida: pedagogia.
Pronto.
O avó já havia morrido, assim como o pai. A mãe, carregando o pesado fardo de substituir essas duas "autoridades" cobrou seu querer em triplo.
Só deus sabe o quanto foi pesado, tanto para ela, quanto para mim.
Nada entrava na cabeça da minha mãe que eu queria mesmo pedagogia. "Eu não sabia o que tava querendo", dizia ela.
As madrugadas - todas elas - eram terrivelmente barulhenta ou dolorosamente silenciosas.
Eram sempre as mesmas, depois que o alcoolismo tomou conta de mim.
Era quase insoportável aguentar a vida sem o alcool.
Quase imaginável sobreviver sem, todas as noites, bastar todo meu dinheiro em cerveja e cigarro.
Fato era que, sem coragem para tomar um chumbinho, ou me jogar do 10º andar, eu sobrevivia por causa deles: cerveja e cigarro.
Foram dias, semanas, meses assim.
As sessões de tarapia triplicaram.
Minha mãe precisava de um acompanhamento especial.
Eu também.
E nós duas juntas, mais ainda.
Foi dolorosamente pesado.
Parecia inimaginável para aquela jornalista e funcionaria publica, que a filha fosse, futuramente, ganhar menos do que ela!
Chegou-se a um meio termo: ciências sociais.
O longo caminho entre o meio termo e o fim
Me empolguei com a idéia de fazer CS.
Estudei muito, muito embora o alcool me atrapalhasse um pouco.
Estudei como nunca havia estudado na minha vida.
Como nunca imagino estudar mais.
Mas de nada me adiantou, porque, mais uma vez, para minha mãe e para mim também, fracassei.
Só passei para pedagogia.
Para amenizar um pouco as coisas, passei em 11º.
Ah, esqueci de falar que passei para CS em 11º, também, na FGV, mas me recusei a cursar uma faculdade privada.
E, já não bastasse todo esse caminho, que, como puderam ver, não foi muito suave, tive que ouvir
"Não faz mais do que a obrigação. Tinha que ter passado para todas. Não sei porque não passou"
Acho que nunca eu chorei tanto sem esboçar um gesto sequer na face. As lagrimas, amargas, de amargura do meu próprio fracasso, caiam como as águas das cachoeiras que eu ia quando mais nova, em Lumiar.
Nunca, em toda minha vida, vi algo parecido: alguem chorar em esboçar um gesto, sem se curvar, sem abaixar a cabeça, sem enrubar a testa.
Nunca, nem em filmes.
De quem ja escolheu o que vai ser quando crescer (ou não)
Agora, no 2o semestre, vejo porque, talvez eu nao deveria ter escolhido pedagogia.
Talvez não.
Talvez eu nem tenha escolhido.
Fato é que estou lá dentro.
E isso tem me rendido muito.
Seja em discussão, seja em estudos, seja em coisas que nem sei o que são.
Se gosto?
Dias sim, dias não.
Haveriam muito mais coisas para serem ditas aqui.
Mas deixarei elas para um próximo post.
Os motivos são dois.
Começei a escrever por estar mesgulhado em um sentimento estranho,que mistrura estranheza e desprezo, com uma pitada de raiva. Mas também de esperança e boniteza.
Volto quando conseguir expor em palavras escritas tudo o que sinto.
sexta-feira, outubro 27, 2006
Do (eterno) desejo de ler bem
Quando ainda muito pequena, pequena mesmo, uns 3 anos, eu acordava cedo.
Quando antes, eu acordava e acordava minha mãe. Até que invetamos (ou melhor, ela inventou)a brincadeira. É mais ou menos assim: quem é dorminhoco diz, antes de dormir - sempre bocejando e com o corpo preguiçoso - "amanhã, quem acordar primeiro..." e quem adora acordar cedo e ter companhia para brincar é obrigada a dizer "...deixa o outro dormir!".
Mas a partir dos meus 3 ou 4 anos, minha mae se habituou a acordar cedo. Só mesmo hábito para acabar com a vida que aquela mulher - lindissima - adorava ter: acordar tarde, sair para tormar café, passar no jornaleiro, comprar o JB (ainda não havia vendido a alma para o capeta) e, na lanchonete, no hotel ou em algum lugar que tivesse um café-da-manhã bem servido, le-lo.
Uma criança muda mesmo os hábitos de uma casa - no caso, a casa era minha mãe.
Então, como eu ia dizendo. A partir dos meus 3 ou 4 anos, eu acordava doida para acordar a minha mãe - cara, como era bom pentelhar ela cedinho. Ela acordava de mal humor e eu ria da cara dela. Como era engraçado!
Mas ela já tinha acordado.
Estava sempre na sala, sentada na espreguiçadeira, as voltas de pedaços de jornais - já lidos - com algum livro na mão, ouvindo As Quatro Estações ou Sem Lenço e Sem Documento.
Falávamos pouco. Eu ia para a cozinha, comia e a manha ia se revelando bonita.
Aos poucos, nos falávamos e íamos para a Lagoa, para caminhar e andar de bicileta. Sentávamos nos quiosques e comíamos mais - em casa tinha pouca comida para o café, talvez propositalmente.
Pedíamos geralmente um suco, uma água de coco e algo comestivel - quanto eu já nao tinha me entupido de sorvete.
E mais uma vez, nesse meio, minha mãe pegava o jornal e ia ler a parte - pequena parte - que ela não havia lido enquanto eu dormia.
Cresci no meio da leitura.
Minhas lembranças são essas.
Minha mãe lia muito.
E, por isso - diz ela - escreve bem.
Eu também leio. Talvez não muito. E escrevo mal.
E é impressionante que a cada vez que leio um texto que gosto, um texto bom, tenho o desejo incontrolável de escrever. E não escrevo. Ou poucas vezes escrevo.
Tem vezes que escrevo e não leio - nem o que escrevo, nem o que tenho que ler.
Mas sempre, sempre, tenho o desejo que não fazer um texto bom, mas de escrever bem - que, claro, leva a produção de um texto bom, invevitavelmente (ou não?).
E sempre esse desejo é postergado.
Eu me perco em meu pensamento.
E me perco na imensidão de palavras. Mas ironicamente, elas nunca me satisfazem e busco sempre outras, as quais nunca encontro.
Agora veja:
esse texto ficou sem pé nem cabeça e extremamente confuso.
Nada de como eu tinha pensando em fazê-lo.
As palavras em mim têm vida própria.
Seria escrever bem o dom, a audácia e a força de tomar a vida das palavras para si?
Quando antes, eu acordava e acordava minha mãe. Até que invetamos (ou melhor, ela inventou)a brincadeira. É mais ou menos assim: quem é dorminhoco diz, antes de dormir - sempre bocejando e com o corpo preguiçoso - "amanhã, quem acordar primeiro..." e quem adora acordar cedo e ter companhia para brincar é obrigada a dizer "...deixa o outro dormir!".
Mas a partir dos meus 3 ou 4 anos, minha mae se habituou a acordar cedo. Só mesmo hábito para acabar com a vida que aquela mulher - lindissima - adorava ter: acordar tarde, sair para tormar café, passar no jornaleiro, comprar o JB (ainda não havia vendido a alma para o capeta) e, na lanchonete, no hotel ou em algum lugar que tivesse um café-da-manhã bem servido, le-lo.
Uma criança muda mesmo os hábitos de uma casa - no caso, a casa era minha mãe.
Então, como eu ia dizendo. A partir dos meus 3 ou 4 anos, eu acordava doida para acordar a minha mãe - cara, como era bom pentelhar ela cedinho. Ela acordava de mal humor e eu ria da cara dela. Como era engraçado!
Mas ela já tinha acordado.
Estava sempre na sala, sentada na espreguiçadeira, as voltas de pedaços de jornais - já lidos - com algum livro na mão, ouvindo As Quatro Estações ou Sem Lenço e Sem Documento.
Falávamos pouco. Eu ia para a cozinha, comia e a manha ia se revelando bonita.
Aos poucos, nos falávamos e íamos para a Lagoa, para caminhar e andar de bicileta. Sentávamos nos quiosques e comíamos mais - em casa tinha pouca comida para o café, talvez propositalmente.
Pedíamos geralmente um suco, uma água de coco e algo comestivel - quanto eu já nao tinha me entupido de sorvete.
E mais uma vez, nesse meio, minha mãe pegava o jornal e ia ler a parte - pequena parte - que ela não havia lido enquanto eu dormia.
Cresci no meio da leitura.
Minhas lembranças são essas.
Minha mãe lia muito.
E, por isso - diz ela - escreve bem.
Eu também leio. Talvez não muito. E escrevo mal.
E é impressionante que a cada vez que leio um texto que gosto, um texto bom, tenho o desejo incontrolável de escrever. E não escrevo. Ou poucas vezes escrevo.
Tem vezes que escrevo e não leio - nem o que escrevo, nem o que tenho que ler.
Mas sempre, sempre, tenho o desejo que não fazer um texto bom, mas de escrever bem - que, claro, leva a produção de um texto bom, invevitavelmente (ou não?).
E sempre esse desejo é postergado.
Eu me perco em meu pensamento.
E me perco na imensidão de palavras. Mas ironicamente, elas nunca me satisfazem e busco sempre outras, as quais nunca encontro.
Agora veja:
esse texto ficou sem pé nem cabeça e extremamente confuso.
Nada de como eu tinha pensando em fazê-lo.
As palavras em mim têm vida própria.
Seria escrever bem o dom, a audácia e a força de tomar a vida das palavras para si?
quinta-feira, outubro 26, 2006
Das três transformações
Eu estava precisando transformar minha vida.
Meu cotidiano estava tornando-me uma pessoa enclausurada.
Eram dias rígidos, aulas rígidas, olhares rígidos.
Surgiu uma oportunidade de sair dessa rigidez.
Foi quando dois (agora) amigos - antes conhecidos - falaram:
"ah, vamos com a gente para Buenos Aires!"
"Não convida que eu vou"
"Vamos. Nos acompanha no congresso".
E fomos.
Nao era um, eram dois.
Um em Buenos Aires e um e Montevidéu.
Como fui feliz nessa viagem!
O texto abaixo é de uma oficina que fiz do Ricardo Sassoni, filodramaturgo argentino.
Um cara de pouco mais de 1 metro e 60, cabelo grande e branco. E muita barba.
Se barba ainda pode revelar sabedoria, eu já apresso aos meus leitores que a dele é muito grande.
O texto mexeu de mais comigo. É profundo, se assim você ler. É belo, se assim você ver.
Como tudo na vida, diria Wood Allen.
E, como eu estava numa época de escapar da rigidez, esse texto me foi belo. E sábio.
OS DISCURSOS DE ZARATUSTRA
DAS TRÊS TRANSFORMAÇÕES[1]
Três transformações do espírito vos menciono: como o espírito se torna camelo, e o camelo em leão, e o leão, finalmente, em criança.
Há muitas coisas pesadas para o espírito, para o espírito forte e sólido, respeitável. A força deste espírito está pedindo por coisas pesadas, e das mais pesadas.
O que há que seja pesado? — pergunta o espírito de suportação. E ajoelha-se como camelo e quer que o carreguem bem. Que há mais pesado, heróis — pergunta o espírito de suportação — para que eu o coloque sobre mim, para que a minha força se alegre?
Não será rebaixarmos-nos para o nosso orgulho padecer? Deixar brilhar a nossa loucura para zombarmos da nossa sensatez?
Ou será separarmos-nos da nossa causa quando ela celebra a sua vitória? Escalar altos montes para tentar o que nos tenta?
Ou será sustentarmos-nos com bolotas e erva do conhecimento e padecer fome na alma por causa da verdade?
Ou será estar enfermo e despedir a consoladores e travar amizade com surdos que nunca ouvem o que queremos?
Ou será submergimos -nos em água suja quando é a água da verdade, e não afastarmos de nós as frias rãs e os quentes sapos?
Ou será amar os que nos desprezam e estender a mão ao fantasma quando nos quer assustar?
O espírito de suportação sobrecarrega-se de todas estas coisas pesadíssimas; e à semelhança do camelo que corre carregado pelo deserto, assim ele corre pelo seu deserto.
No deserto mais solitário, porém, se efetua a segunda transformação: o espírito torna-se leão; quer conquistar a liberdade e ser senhor no seu próprio deserto.
Procura então o seu último senhor, quer ser seu inimigo e de seus dias; quer lutar pela vitória com o grande dragão.Qual é o grande dragão a que o espírito já não quer chamar Deus, nem senhor?
“Tu deves”, assim se chama o grande dragão; mas o espírito do leão diz: “Eu quero”.
O “tu deves” está postado no seu caminho, como animal escamoso de áureo fulgor; e em cada uma das suas escamas brilha em douradas letras: “Tu deves!”
Valores milenares brilham nessas escamas, e o mais poderoso de todos os dragões fala assim:
“Em mim brilha o valor de todas as coisas”.
“Todos os valores foram já criados, e eu sou todos os valores criados. Para o futuro não deve existir o “eu quero!” Assim falou o dragão.
Meus irmãos, que falta faz o leão no espírito? Não bastará a besta de carga que abdica e venera?
Criar valores novos é coisa que o leão ainda não pode; mas criar uma liberdade para a nova criação, isso pode o poder do leão.
Para criar a liberdade e um santo NÃO, mesmo perante o dever; para isso, meus irmãos, é preciso o leão.
Conquistar o direito de criar novos valores é a mais terrível apropriação aos olhos de um espírito de suportação e de respeito.
Para ele isto é uma verdadeira rapina e coisa própria de um animal rapinante.
Como o mais santo, amou em seu tempo o “tu deves” e agora tem que ver a ilusão e arbitrariedade até no mais santo, a fim de conquistar a liberdade à custa do seu amor. É preciso um leão para esse feito.
Dizei-me, porém, irmãos: que poderá a criança fazer que não haja podido fazer o leão? Para que será preciso que o altivo leão se mude em criança?
A criança é a inocência, e o esquecimento, um novo começar, um brinquedo, uma roda que gira sobre si, um movimento, uma santa afirmação.
Sim; para o jogo da criação, meus irmãos, é preciso uma santa afirmação: o espírito quer agora a sua vontade, o que perdeu o mundo quer alcançar o seu mundo.
Três transformações do espírito vos mencionei: como o espírito se transformava em camelo, e o camelo em leão, e o leão, finalmente, em criança”.
Assim falava Zaratustra. E nesse tempo residia na cidade que se chama “Vaca Malhada”.
[1] Nietzsche, Frederich. Assim Falava Zaratustra. Tradução base: José Mendes de Souza. Versão para eBook
Meu cotidiano estava tornando-me uma pessoa enclausurada.
Eram dias rígidos, aulas rígidas, olhares rígidos.
Surgiu uma oportunidade de sair dessa rigidez.
Foi quando dois (agora) amigos - antes conhecidos - falaram:
"ah, vamos com a gente para Buenos Aires!"
"Não convida que eu vou"
"Vamos. Nos acompanha no congresso".
E fomos.
Nao era um, eram dois.
Um em Buenos Aires e um e Montevidéu.
Como fui feliz nessa viagem!
O texto abaixo é de uma oficina que fiz do Ricardo Sassoni, filodramaturgo argentino.
Um cara de pouco mais de 1 metro e 60, cabelo grande e branco. E muita barba.
Se barba ainda pode revelar sabedoria, eu já apresso aos meus leitores que a dele é muito grande.
O texto mexeu de mais comigo. É profundo, se assim você ler. É belo, se assim você ver.
Como tudo na vida, diria Wood Allen.
E, como eu estava numa época de escapar da rigidez, esse texto me foi belo. E sábio.
OS DISCURSOS DE ZARATUSTRA
DAS TRÊS TRANSFORMAÇÕES[1]
Três transformações do espírito vos menciono: como o espírito se torna camelo, e o camelo em leão, e o leão, finalmente, em criança.
Há muitas coisas pesadas para o espírito, para o espírito forte e sólido, respeitável. A força deste espírito está pedindo por coisas pesadas, e das mais pesadas.
O que há que seja pesado? — pergunta o espírito de suportação. E ajoelha-se como camelo e quer que o carreguem bem. Que há mais pesado, heróis — pergunta o espírito de suportação — para que eu o coloque sobre mim, para que a minha força se alegre?
Não será rebaixarmos-nos para o nosso orgulho padecer? Deixar brilhar a nossa loucura para zombarmos da nossa sensatez?
Ou será separarmos-nos da nossa causa quando ela celebra a sua vitória? Escalar altos montes para tentar o que nos tenta?
Ou será sustentarmos-nos com bolotas e erva do conhecimento e padecer fome na alma por causa da verdade?
Ou será estar enfermo e despedir a consoladores e travar amizade com surdos que nunca ouvem o que queremos?
Ou será submergimos -nos em água suja quando é a água da verdade, e não afastarmos de nós as frias rãs e os quentes sapos?
Ou será amar os que nos desprezam e estender a mão ao fantasma quando nos quer assustar?
O espírito de suportação sobrecarrega-se de todas estas coisas pesadíssimas; e à semelhança do camelo que corre carregado pelo deserto, assim ele corre pelo seu deserto.
No deserto mais solitário, porém, se efetua a segunda transformação: o espírito torna-se leão; quer conquistar a liberdade e ser senhor no seu próprio deserto.
Procura então o seu último senhor, quer ser seu inimigo e de seus dias; quer lutar pela vitória com o grande dragão.Qual é o grande dragão a que o espírito já não quer chamar Deus, nem senhor?
“Tu deves”, assim se chama o grande dragão; mas o espírito do leão diz: “Eu quero”.
O “tu deves” está postado no seu caminho, como animal escamoso de áureo fulgor; e em cada uma das suas escamas brilha em douradas letras: “Tu deves!”
Valores milenares brilham nessas escamas, e o mais poderoso de todos os dragões fala assim:
“Em mim brilha o valor de todas as coisas”.
“Todos os valores foram já criados, e eu sou todos os valores criados. Para o futuro não deve existir o “eu quero!” Assim falou o dragão.
Meus irmãos, que falta faz o leão no espírito? Não bastará a besta de carga que abdica e venera?
Criar valores novos é coisa que o leão ainda não pode; mas criar uma liberdade para a nova criação, isso pode o poder do leão.
Para criar a liberdade e um santo NÃO, mesmo perante o dever; para isso, meus irmãos, é preciso o leão.
Conquistar o direito de criar novos valores é a mais terrível apropriação aos olhos de um espírito de suportação e de respeito.
Para ele isto é uma verdadeira rapina e coisa própria de um animal rapinante.
Como o mais santo, amou em seu tempo o “tu deves” e agora tem que ver a ilusão e arbitrariedade até no mais santo, a fim de conquistar a liberdade à custa do seu amor. É preciso um leão para esse feito.
Dizei-me, porém, irmãos: que poderá a criança fazer que não haja podido fazer o leão? Para que será preciso que o altivo leão se mude em criança?
A criança é a inocência, e o esquecimento, um novo começar, um brinquedo, uma roda que gira sobre si, um movimento, uma santa afirmação.
Sim; para o jogo da criação, meus irmãos, é preciso uma santa afirmação: o espírito quer agora a sua vontade, o que perdeu o mundo quer alcançar o seu mundo.
Três transformações do espírito vos mencionei: como o espírito se transformava em camelo, e o camelo em leão, e o leão, finalmente, em criança”.
Assim falava Zaratustra. E nesse tempo residia na cidade que se chama “Vaca Malhada”.
[1] Nietzsche, Frederich. Assim Falava Zaratustra. Tradução base: José Mendes de Souza. Versão para eBook
terça-feira, outubro 17, 2006
ouvindo wish you were here
E essa musica sempre me remete a coisas passadas
Nem sempre boas.
Eu costumava chorar toda vez que ouvia ela.
Mas desde onte, quanto re-coloquei o "disco na vitrola", ouço-a como quem ouve a qualquer outra musica.
Na verdade, nao que seja qualquer outra musica,
Mas ela já não me dói
Apenas me faz lembrar épocas da minha vida que eu gostaria que tivessem sido diferentes.
E eu sempre lembro das épocas com meu pai
E de como lutei, com todas as minhas forças e outras mais
Para mudar o presente do meu passado
Sempre na esperança de mudança.
E tudo se repitia.
Já nao vejo isso com melancolia tanto quanto via antes
Mas penso como seria bom se as coisas tivessem mudado.
É assim em muitos casos.
Muitas amizades investidas e sem retorno
Muitos estudos e notas baixas
Muitas compras e poucos usos
É que a gente só percebe isso quando passa por isso.
Certamente, eu faria tudo igual
E continuo fazendo.
As vezes me sinto uma tola
E tenho vergonha de mim mesma
As vezes me sinto uma pessoa bonita
Capaz de saber que quer ser feliz e procurar essa felicidade.
Mas, não sei.
Talvez seja que nessa minha boniteza tenha sempre uma (grande) pitada de tolice.
Nem sempre boas.
Eu costumava chorar toda vez que ouvia ela.
Mas desde onte, quanto re-coloquei o "disco na vitrola", ouço-a como quem ouve a qualquer outra musica.
Na verdade, nao que seja qualquer outra musica,
Mas ela já não me dói
Apenas me faz lembrar épocas da minha vida que eu gostaria que tivessem sido diferentes.
E eu sempre lembro das épocas com meu pai
E de como lutei, com todas as minhas forças e outras mais
Para mudar o presente do meu passado
Sempre na esperança de mudança.
E tudo se repitia.
Já nao vejo isso com melancolia tanto quanto via antes
Mas penso como seria bom se as coisas tivessem mudado.
É assim em muitos casos.
Muitas amizades investidas e sem retorno
Muitos estudos e notas baixas
Muitas compras e poucos usos
É que a gente só percebe isso quando passa por isso.
Certamente, eu faria tudo igual
E continuo fazendo.
As vezes me sinto uma tola
E tenho vergonha de mim mesma
As vezes me sinto uma pessoa bonita
Capaz de saber que quer ser feliz e procurar essa felicidade.
Mas, não sei.
Talvez seja que nessa minha boniteza tenha sempre uma (grande) pitada de tolice.
domingo, outubro 15, 2006
O barquinho
Estranhos caminhos que a vida toma.
Já nem sei se sou alegre ou triste.
Minha vida é como um barco
Que quebrou o motor
E vaga pelo oceano,
pra lá e pra cá.
Horas a maré está alta,
Horas está baixa
Horas vem uma garrafa com um bilhete dentro
Horas nem um peixinho desses sem-vergonha passa por perto.
Horas passa um ou outro nadador e pede um repouso
Horas fico sozinha, ao léu,
Ouvindo as músicas que eu mesma canto.
Horas faz sol e decido me bronzear
Horas chove de dar medo.
Estranhos caminhos que a vida toma
Estranhos e tortuosos caminhos que eu tomo.
Já nem sei se sou alegre ou triste.
Minha vida é como um barco
Que quebrou o motor
E vaga pelo oceano,
pra lá e pra cá.
Horas a maré está alta,
Horas está baixa
Horas vem uma garrafa com um bilhete dentro
Horas nem um peixinho desses sem-vergonha passa por perto.
Horas passa um ou outro nadador e pede um repouso
Horas fico sozinha, ao léu,
Ouvindo as músicas que eu mesma canto.
Horas faz sol e decido me bronzear
Horas chove de dar medo.
Estranhos caminhos que a vida toma
Estranhos e tortuosos caminhos que eu tomo.
segunda-feira, outubro 02, 2006
As paredes não são fortes o suficiente
Nem os vidros inquebráveis.
E é por isso
- só por isso -
Que calo meu grito.
Caso contrário,
Vidros quebrariam
Paredes estremeceriam
E vizinhos acordariam.
O que está acontecendo, perguntariam todos.
Está acontecendo que estou tentando ser eu
E esse eu assusta.
Porque diz não
Porque se irrita
Porque se expõe
Porque xinga todo mundo.
É que chega uma hora que não aguentamos mais nos esconder
Que os sapos entalam a garganta
E até o respirar
- comer, nessas horas, nem fazemos questão -
Fica difícil.
É a hora que a gente se toca
De que tem gente escrota
Que nos sacaneia, mas sorri e acena.
Que age de má fé com a gente, mas adora elogiar o nosso cabelo
- mesmo que esteja como todos os dias-
É por essa gente
Essa gente desumana
Essa gentalha
Essa gentinha mixa
Que fico triste.
Não por elas existirem
Mas por eu permitir que elas façam isso comigo.
De me fazerem de palhaça
De bode espiatório
E achar que eu não vou nem notar.
ESTOU PUTA.
IMENSAMENTE PUTA
Com vontade de mandar essa gente tomar no cu.
Porque cansei se ser feita de otária
Cansei de ser essa Fabizinha
Ah, a Fabizinha
Tãão boazinha
Pequenininha, tadinha...
Olha que gracinha.
Como ela é fofinha
E essa mesma fabizinha é a que é humilhada
sacaneada
esquecida
E SEMPRE deixada de lado.
CANSEI.
Nem os vidros inquebráveis.
E é por isso
- só por isso -
Que calo meu grito.
Caso contrário,
Vidros quebrariam
Paredes estremeceriam
E vizinhos acordariam.
O que está acontecendo, perguntariam todos.
Está acontecendo que estou tentando ser eu
E esse eu assusta.
Porque diz não
Porque se irrita
Porque se expõe
Porque xinga todo mundo.
É que chega uma hora que não aguentamos mais nos esconder
Que os sapos entalam a garganta
E até o respirar
- comer, nessas horas, nem fazemos questão -
Fica difícil.
É a hora que a gente se toca
De que tem gente escrota
Que nos sacaneia, mas sorri e acena.
Que age de má fé com a gente, mas adora elogiar o nosso cabelo
- mesmo que esteja como todos os dias-
É por essa gente
Essa gente desumana
Essa gentalha
Essa gentinha mixa
Que fico triste.
Não por elas existirem
Mas por eu permitir que elas façam isso comigo.
De me fazerem de palhaça
De bode espiatório
E achar que eu não vou nem notar.
ESTOU PUTA.
IMENSAMENTE PUTA
Com vontade de mandar essa gente tomar no cu.
Porque cansei se ser feita de otária
Cansei de ser essa Fabizinha
Ah, a Fabizinha
Tãão boazinha
Pequenininha, tadinha...
Olha que gracinha.
Como ela é fofinha
E essa mesma fabizinha é a que é humilhada
sacaneada
esquecida
E SEMPRE deixada de lado.
CANSEI.
terça-feira, setembro 19, 2006
Só tenho tempo pra ser feliz
Sem maiores delongas
Eu só tenho tempo pra ser feliz.
É bem verdade que isso é muito relativo
E requer renuncia de muitas coisas
- até mesmo as que me fazem feliz.
A verdade é que só tenho tempo para investir num futuro feliz
Isso quer dizer...
Finais de semana tranformaram-se em dias (quase) inteiros para leitura e escrita,
Reflexão e pensamento pragmático.
Que as noites de sábados são excelentes para baladas intelectuais
E as manhãs de domingos,
ótimas para o pensar sobre o que produzir.
Acontece que temos que escolher caminhos a seguir
De fato, eu seria (ou melhor, estaria) feliz indo a butecos, com amigos
Ou indo a uma roda de samba ou chorinho
Mas é preciso investir num futuro feliz
E talvez com esse presente, o futuro possa não ser tão feliz.
Eu digo...
Nem sei o que digo!
Será que esotu me tornando academicista?
Será que estou tornando minha sede de conhecimento em rigorosidade, aquela coisa que sempre abominei e critiquei radicalmente, muito embora compactuasse, de vez em quando?
Será que estou sendo radicalmente radical comigo mesmo?
Será que estou me tornando "refencias de autoridade"? Ou, pior, tentanto me tornar e, inocentemente (ou não) me tornando uma pessoa que vazia, por pensar que referencias são completas? E eu que tantas vezes critiquei isso, tantas vezes tive nojo (palavra essa que cai agora como uma luva) estou me deliciando com o nojento?
O que estou eu a fazer?
Estaria eu desviando todo meu lado sentimental para o racional, numa busca (vazia) de tentar desfazer o sofrimento, o sentimento de menos valia, a culpa pela mediocridade?
Cara,
quem sou eu?
Em que estou tornando esse eu?
O que estou fazendo com esse eu?
Eu só tenho tempo pra ser feliz.
É bem verdade que isso é muito relativo
E requer renuncia de muitas coisas
- até mesmo as que me fazem feliz.
A verdade é que só tenho tempo para investir num futuro feliz
Isso quer dizer...
Finais de semana tranformaram-se em dias (quase) inteiros para leitura e escrita,
Reflexão e pensamento pragmático.
Que as noites de sábados são excelentes para baladas intelectuais
E as manhãs de domingos,
ótimas para o pensar sobre o que produzir.
Acontece que temos que escolher caminhos a seguir
De fato, eu seria (ou melhor, estaria) feliz indo a butecos, com amigos
Ou indo a uma roda de samba ou chorinho
Mas é preciso investir num futuro feliz
E talvez com esse presente, o futuro possa não ser tão feliz.
Eu digo...
Nem sei o que digo!
Será que esotu me tornando academicista?
Será que estou tornando minha sede de conhecimento em rigorosidade, aquela coisa que sempre abominei e critiquei radicalmente, muito embora compactuasse, de vez em quando?
Será que estou sendo radicalmente radical comigo mesmo?
Será que estou me tornando "refencias de autoridade"? Ou, pior, tentanto me tornar e, inocentemente (ou não) me tornando uma pessoa que vazia, por pensar que referencias são completas? E eu que tantas vezes critiquei isso, tantas vezes tive nojo (palavra essa que cai agora como uma luva) estou me deliciando com o nojento?
O que estou eu a fazer?
Estaria eu desviando todo meu lado sentimental para o racional, numa busca (vazia) de tentar desfazer o sofrimento, o sentimento de menos valia, a culpa pela mediocridade?
Cara,
quem sou eu?
Em que estou tornando esse eu?
O que estou fazendo com esse eu?
terça-feira, setembro 12, 2006
"em alguma outra vida, devemos ter feito algo de muito grave, para sentirmos tanta saudade..."
Eu fiz uma escolha.
Estou arcando com as consequências.
Eu só não sabia que ia ser tão doloroso
e tão solitário.
Nunca achei que fosse ser fácil
- isso nunca -
Mas nunca achei que fosse ser tão dificil assim.
Imaginava que me sentiria solitária
Que pudesse, de quando em vez, ficar meio jururu
Mas não que me sentiria caindo do abismo,
Sem ninguém me jogando uma corda, ou mesmo um lencinho, o que fosse.
Nao que me sentiria tão mal,
tão culpada,
tão perversa,
tão descartável
e tão esquecível.
Nem que precisaria tanto dos amigos
- e como estou precisando! -
Dos incentivos
Da presença
Do afeto.
Como também não imaginei como seria difícil dizer que preciso disso,
que preciso de ajuda
Não pensei que fosse ser tão intenso esse fim.
Como não pensei que fosse achar que era um fim de tudo.
sexta-feira, setembro 08, 2006
"...houve apenas um clarão amarela perto da sua perna.Permaneceu, por um instante, imóvel.Não gritou.Tombou devagarinho como tomba uma árvore.Nem fez sequer barulho, por causa da areia."
Uma parte do Pequeno Príncipe.
Uma parte marcante.
Uma parte que me lembro sempre que vejo pela janela o sol
E aqui dentro
A chuva.
Uma parte do Pequeno Príncipe.
Uma parte marcante.
Uma parte que me lembro sempre que vejo pela janela o sol
E aqui dentro
A chuva.
segunda-feira, setembro 04, 2006
As vezes eu me sinto a pessoa mais estúpida do mundo
Ou a mais babaca
As vezes sinto que a vida me faz tomar rumos que eu não gostaria
Rumos contra mim mesmo
As vezes sinto que a vida me faz fazer e aceitar coisas
Que eu não queria
E nem deveria
As vezes a vida me faz ser quem não sou
Poe aços em mim
Que não correspondem ao meu ser
As vezes as pessoas agem tortamente comigo
E me sinto uma cega por opção
Porque mesmo não querendo ouvir as palavras dessas pessoas,
Mesmo não querendo aceitar o jeito que elas me tratam
Eu permito que façam o que querem comigo
Me sinto confusa
E perdida.
A confusão me faz pensar sobre o que quero
O que quero ser
O que quero construir
O que quero acreditar
Seria preciso
Dizer um basta,
Pôr um limite.
Mas eu não consigo.
E faço um metapoema que volta a primeira estrofe.
Me sinto enganada
Manipulada
E usada
Mas o engano só ocorre quando não sabemos dele
E eu sei.
A manipulação e o uso de nós mesmos só existe quando permitimos
E eu permito.
É que eu não consigo ser diferente
Não consigo agir de forma contrária.
Não consigo ser eu mesma
Mas quem sou eu?
Ou a mais babaca
As vezes sinto que a vida me faz tomar rumos que eu não gostaria
Rumos contra mim mesmo
As vezes sinto que a vida me faz fazer e aceitar coisas
Que eu não queria
E nem deveria
As vezes a vida me faz ser quem não sou
Poe aços em mim
Que não correspondem ao meu ser
As vezes as pessoas agem tortamente comigo
E me sinto uma cega por opção
Porque mesmo não querendo ouvir as palavras dessas pessoas,
Mesmo não querendo aceitar o jeito que elas me tratam
Eu permito que façam o que querem comigo
Me sinto confusa
E perdida.
A confusão me faz pensar sobre o que quero
O que quero ser
O que quero construir
O que quero acreditar
Seria preciso
Dizer um basta,
Pôr um limite.
Mas eu não consigo.
E faço um metapoema que volta a primeira estrofe.
Me sinto enganada
Manipulada
E usada
Mas o engano só ocorre quando não sabemos dele
E eu sei.
A manipulação e o uso de nós mesmos só existe quando permitimos
E eu permito.
É que eu não consigo ser diferente
Não consigo agir de forma contrária.
Não consigo ser eu mesma
Mas quem sou eu?
sábado, setembro 02, 2006
Apoética
Eu não sei dizer
O que vou dizer
Mas preciso dizer
O mundo está caindo
Minha vida desabando
Estou revendo um filme preto
Com tons de cinzas
Estou desabando
E será que ninguém nota isso?
Será que ninguém vê isso?
Definitivamente,
preciso de ajuda
O bom de escrever aqui é poder ser verdadeira comigo mesma
É poder revelar o que não revelo a ninguem
Eunão estou aguentando mais
Será que a morte é algo que liberta?
Será que a morte cura essa angustia
essa solidão
esse desespero?
Será que a morte é o fim de todo esse sofrimento?
Castelos podem cair
Mas eu não
Pessoas conseguem sorrir
Mas eu nao
Me diz o que há comigo
Me diz que não sou essa coisa intragável que vejo no espelho
Me diz alguma coisa
Qualquer coisa
Acneda uma luz no meio do tunel
Me dê uma carona
Ou não
Ou nao faça nada
Isso talvez já baste
Eu vou dormir
Mas sei que vou acordar
E o que fazer?
A vida segue
Mas eu queria parar a minha
O que vou dizer
Mas preciso dizer
O mundo está caindo
Minha vida desabando
Estou revendo um filme preto
Com tons de cinzas
Estou desabando
E será que ninguém nota isso?
Será que ninguém vê isso?
Definitivamente,
preciso de ajuda
O bom de escrever aqui é poder ser verdadeira comigo mesma
É poder revelar o que não revelo a ninguem
Eunão estou aguentando mais
Será que a morte é algo que liberta?
Será que a morte cura essa angustia
essa solidão
esse desespero?
Será que a morte é o fim de todo esse sofrimento?
Castelos podem cair
Mas eu não
Pessoas conseguem sorrir
Mas eu nao
Me diz o que há comigo
Me diz que não sou essa coisa intragável que vejo no espelho
Me diz alguma coisa
Qualquer coisa
Acneda uma luz no meio do tunel
Me dê uma carona
Ou não
Ou nao faça nada
Isso talvez já baste
Eu vou dormir
Mas sei que vou acordar
E o que fazer?
A vida segue
Mas eu queria parar a minha
domingo, agosto 13, 2006
É que as vezes a gente se toca que não somos nada aquilo que mostramos.
Eu sou asquerosa,
grosseira,
imprestável.
Uma monstra
Eu não sei
Nem nunca soube ter amigos
E cultivá-los
Sou uma pessoa dificil de lidar,
egoísta,
nojenta.
E eu tô cansada de fingir que não vejo isso
Estou cansada de fingir que está tudo bem.
Nao,
Nao está tudo bem.
E eu nem sei dizer o que não está bem.
Eu queria morrer.
Me matar!
Porque já nao aguento mais ver tanta gente morrendo,
Ver tanta crueldade no mundo
Tanta coisa acontecendo...
Porque eu nao aguento mais ser quem eu sou.
Porque eu me odeio.
Eu sou asquerosa,
grosseira,
imprestável.
Uma monstra
Eu não sei
Nem nunca soube ter amigos
E cultivá-los
Sou uma pessoa dificil de lidar,
egoísta,
nojenta.
E eu tô cansada de fingir que não vejo isso
Estou cansada de fingir que está tudo bem.
Nao,
Nao está tudo bem.
E eu nem sei dizer o que não está bem.
Eu queria morrer.
Me matar!
Porque já nao aguento mais ver tanta gente morrendo,
Ver tanta crueldade no mundo
Tanta coisa acontecendo...
Porque eu nao aguento mais ser quem eu sou.
Porque eu me odeio.

Me descrever em algumas (poucas) linhas é me reduzir.
Nao há como dizer quem sou nesse pequeno espaço.
Eu sou a composição mal feita da tristesa com a alegria,
da estúpida esperaça com o ridiculo desencanto.
Eu sou a junção do nada com alguma coisa.
Sou o remendo de uma imensa vergonha com uma sem-vergonhice palhaça e inconveniente.
Sou um retálio de baixo auto-estima e um pedaço de metidez.
Eu costumo ser o exemplo do perdido e o ícone da insegurança.
Sou o melhor exemplo de chatisse, a representante do non-sense.
A maior boba que existe, a pessoa que menos sorri.
Nao tem como me escrever nessas linhas.
Minha intensidade de ver, sentir, cheirar e viver a vida é grande demais para discrição.
Minha vida é muito intensa, porque sou muito intensa.
Intensamente solitária, intensamente cheia de amigos.
Intensamente triste, intensamente feliz.
Intensamente esperançosa, intensamente desesperançosa.
Intensamente angustiada, intensamente relaxada.
Intensamente.
Tudo intensamente.
sexta-feira, agosto 11, 2006
Já te imaginava nascendo
Crescendo feliz
Correndo em direção a mim
Já te imaginava segurando minha mão
E passeando comigo,
Pegando solzinho
Tomando suquinho.
Já te imaginava de vestidinho
E chapeuzinho.
A vida nos separou?!
NAO.
Eu ainda acredito que você esteja viva
Ainda acredito que seremos amigas confidentes
Ainda acredito que sua vida me alegrará
E me fará me sentir a pessoa mais feliz do mundo.
Jpa te imaginava pegando no colo,
Te fazendo cosquinha
E você gargalhando...
A vida deve saber o que faz.
E que ela saiba que nós seremos como irmãs
E que ela saiba que estamos esperando por você.
*
DEVOLVAM MINHA PRIMA, PORRA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Crescendo feliz
Correndo em direção a mim
Já te imaginava segurando minha mão
E passeando comigo,
Pegando solzinho
Tomando suquinho.
Já te imaginava de vestidinho
E chapeuzinho.
A vida nos separou?!
NAO.
Eu ainda acredito que você esteja viva
Ainda acredito que seremos amigas confidentes
Ainda acredito que sua vida me alegrará
E me fará me sentir a pessoa mais feliz do mundo.
Jpa te imaginava pegando no colo,
Te fazendo cosquinha
E você gargalhando...
A vida deve saber o que faz.
E que ela saiba que nós seremos como irmãs
E que ela saiba que estamos esperando por você.
*
DEVOLVAM MINHA PRIMA, PORRA!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
quarta-feira, agosto 09, 2006
Estranheza

Haveria de ter um sentido para tudo aquilo.
Não teria sido em vão todas a tentativas
E as derrubadas.
Os tapas
E os sorrisos.
Teve.
Teve?
O sentido se fez quando não se pensou nele
E aí,
Como num passo de uma dançarina,
Ele apareceu.
E foi assim durante um tempo.
Durante o tempo em que se fez questão de não pensar o agir
Muito menos de pensar o pensar
Mas como tudo
- Em dose demasida? -
Cansa,
Aquela vida também cansou.
A balailaria fez o primeiro ato.
Foi e ainda se encontra no intervalo.
E nesse meio é que as coisas se configuram de forma diferente:
O expectador pára de ver o espetáculo,
Sai à cafetaria,
Senta
E toma um café
- ou come uma jujuba-
O que era um teatro,
Volta a ser a vida dele.
O que passa na cabeça dele
É o que passa na cabeça dos desvalidos
Daqueles que ficam na esquina
Daqueles que levantam tarde
Daqueles que saem com a mesma roupa todos os dias.
Dos que fumam maconha todo dia.
Dos que bebem todo dia.
O que passa na cabeça dele
É o que passa na cabeça dos que pensam demais
Esperam demais
E fazem demais da e na vida.
O que passa na cabeça dele
Ninguém vê ou escuta.
E ele acaba de tomar o café
- ou acaba com o pacote de jujuba -
Sobe as escadas
Senta na cadeira
Vê as cortinas se abrirem
E volta a ver o espetáculo.
A bailarina dança,
A música a acompanha
E ele admira.
sábado, agosto 05, 2006
Quanta bobagem!
Quanta bobagem
E estupidez.
Quanta inocência
E pureza.
Quanta esperança tola,
E desejos ridículos.
Os egocêntricos nunca mudam.
Não é de amor que precisam
Nem de compreensão.
Não é de atenção
Muito menos amizade que eles necessitam.
Eles precisam unicamente deles.
Só deles.
*
Estúpidos e estranhos somos nós
Que lutamos contra a verdade
E tentamos re-inventar o fato.
Ou talvez
Carentes sejamos nós
Que ao estendermos o braço para o outro
Nos apoiamos em nós mesmos.
Estúpidos e egocêntricos são os humanos.
Eu, você e eles.
E estupidez.
Quanta inocência
E pureza.
Quanta esperança tola,
E desejos ridículos.
Os egocêntricos nunca mudam.
Não é de amor que precisam
Nem de compreensão.
Não é de atenção
Muito menos amizade que eles necessitam.
Eles precisam unicamente deles.
Só deles.
*
Estúpidos e estranhos somos nós
Que lutamos contra a verdade
E tentamos re-inventar o fato.
Ou talvez
Carentes sejamos nós
Que ao estendermos o braço para o outro
Nos apoiamos em nós mesmos.
Estúpidos e egocêntricos são os humanos.
Eu, você e eles.
sábado, julho 29, 2006
A Relatividade das coisas
A gente chega numa certa idade
Que nada é tão
Quanto quando éramos mais novos.
Nada é tão ruim
Nem tão bom.
Nada é tão belo
Nem tão feio
Nada é tão acolhedor
Nem tão assustador.
Nada é tão
Nem tão.
A gente procura um meio termo;
A relatividade das coisas,
A ser menos intenso
A gente busca resgatar o equilíbrio que perdemos
Ao virarmos teens
Eu procuro
Meio a tantas coisas
Tanto apelos
E desapegos,
A relatividade
Porque chega uma hora que a gente cansa.
Que nada é tão
Quanto quando éramos mais novos.
Nada é tão ruim
Nem tão bom.
Nada é tão belo
Nem tão feio
Nada é tão acolhedor
Nem tão assustador.
Nada é tão
Nem tão.
A gente procura um meio termo;
A relatividade das coisas,
A ser menos intenso
A gente busca resgatar o equilíbrio que perdemos
Ao virarmos teens
Eu procuro
Meio a tantas coisas
Tanto apelos
E desapegos,
A relatividade
Porque chega uma hora que a gente cansa.
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